Sujeito ético na terra do Q.I.


Recordo-me dos tempos de outrora, quando meus pais sempre diziam: "estude, meu filho! Estude para ser um grande homem e alcançar a realização dos seus sonhos. Somente com o contínuo esforço você conseguirá crescer na vida".
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Desde aqueles tempos aprendi a dar valor ao quociente intelectual. Aprendi que, para vencer, era necessário ser um homem de princípios éticos bem fundamentados. Aprendi que a recompensa viria como fruto de grandes esforços.
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Estudei. Trabalhei. Procurei agir corretamente. Graduei-me. Tenciono a Pós-Graduação. Mas não é este Q.I. que está me trazendo realizações. Quanto mais busco, mais obstáculos surgem.
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Doutro modo, estou cercado de indicações. Pessoas as quais, sem o mínimo esforço, conseguem o que sonho e batalho há anos.
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O que está acontecendo aqui? Sou eu quem está errado, nesta vida que mais parece uma novela? As oportunidades são inversamente proporcionais à capacidade conquistada e a vontade de alcançá-las.
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Nos reality shows, o sucesso bate à porta de quem já é conhecido de alguma forma. O quociente intelectual não conta. Vale mesmo é a opinião de quem indica.
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O esforço de fato (quase) nunca é reconhecido. A batalha não conta. O que vale são os fins, independente dos meios. O governo pleiteia cotas universitárias para quem - pela visão deles - não é capaz de conseguí-las pelos próprios méritos. Tudo em favor de uma remissão de pecados passados, os quais não são revistos pela base, mas nas conseqüências.
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E assim hoje continuamos, promovendo quem não dá a mínima pelas instituições das quais fazem parte. Não criamos nelas o senso de pertença, de valor real, de luta.
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Talvez por isso não haja mais ideologias pelas quais lutar. Passou-se o tempo no qual elas eram como algo imprescindível à vida.
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"Ideologia: eu quero uma pra viver". Ao final das contas, é mais fácil vender-se em troca do que se pleiteia.
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Acredito ter nascido em época errada. Meus pais também nasceram. Talvez, naquela época, o esforço da caminhada longínqua e árdua de fato tivesse o valor de uma vida. Ao contrário de agora, sentados em poltronas reclináveis, basta-nos um telefonema.

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