Dialética da arte de viver e de pensar


Pensar é uma arte. Uma arte difícil de ser praticada. Difícil de ser construída. Demanda vontade, tempo e persistência. Uma vez começado o percurso em torno do pensar, não há mais volta. E isto já dizia Albert Einstein, quando proferiu: "uma mente que se abre a uma nova idéia, jamais retorna ao seu tamanho original".
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Às vezes penso: seria melhor não ter começado a pensar. Agir de forma irracional talvez não nos deixasse tão angustiados. A angústia é uma característica inerente às obras que começamos com o nosso pensar.
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Angústia: sentimento de que algo nos incomoda, nos rodeia, nos perpassa. E é assim como me sinto ao pensar. Não há algo em específico, o qual me faz sentir angustiado. Sinto-me assim em relação a tudo: desde o mais ínfimo que há no mundo, até a Supremacia do Criador.Talvez porque me sinta só. Só comigo. Só com o mundo. Só com minha família. Só com Deus. Não posso e nem quero caracterizar qualitativamente este sentimento. Não quero dizer se é bom ou mau, pois em si, há seus momentos. Há a solidão na multidão; estar ao lado de muitos, e sentir-se com ninguém. Há a solidão de estar-se realmente sozinho. Bem vivida, é fonte de crescimento, de conhecimento de si mesmo.
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Mas por quê me sinto só? Talvez seja por não encontrar alguém com quem possa partilhar idéias. A forma que penso não é característica deste tempo. Já é passada. Quem sabe chegue, em um futuro distante, a ser retomada? Penso de uma forma "altérica", se posso dizer assim. "Altérica", de "alter", "outro". Hoje percebo que não há mais uma visão de "outro" como componente fundamental na vivência subjetiva de cada um. Talvez não haja mesmo uma subjetividade neste mundo. Subjetividade no sentido de cada um estar em contato consigo mesmo, com suas idéias e ideais, metas e propostas. Se não há um encontro de si consigo mesmo, não pode haver tampouco uma inter-subjetividade. Perdidos estes componentes fundantes de nossa existência e vivência (eu-comigo e eu-com-o-outro), perdemos rumo e direção.Talvez seja isto que me incomode. Talvez as músicas atuais reflitam mesmo o sentimento em voga: "cada um no seu quadrado"; cada um prisioneiro de seu próprio mundo, sem importar-se com o que há lá fora.
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E a partir disso começo a questionar se ainda somos o justo meio entre o "tudo" e o "nada". Percebo nossa busca diária pelo nada, pelo vazio. Preenchemo-nos dele e com ele nos sentimos satisfeitos. Por quê negamos tanto o "tudo"? Por quê não almejamos mais sermos super-homens, como pretendia Nietzsche? À estes questionamentos, surgirão respostas. Tardias, mas respostas. Talvez não hoje, nem na próxima década, mas será necessário o seu encontro. Porque a vida é assim: dialética, processual. Uma história de encontros e desencontros onde construimos teses, antíteses e sínteses de nosso caminhar. Espero que nossas futuras antíteses e sínteses para as atuais teses, sejam as que nos conduzam a caminhos de plenitude, desenvolvimento. Não a um desenvolvimento como o de hoje, pragmático, mas sobretudo humanizante.

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