No processo da vida, deparo-me com diversos caminhos, muitas vias. As possibilidades são tantas, e igualmente muitas são as chances de errar e cair. Diante delas, surge um medo que assola meu ser e faz com que eu entre em um profundo questionamento, e infinitas perguntas se mostram: "E se eu errar?" "E se cair?" "Se entrar em alguma via a qual não me levará a meu fim, mas antes fará com que eu me perca em um labirinto de obscuridades?" "E se, me perdendo, não conseguir ao menos encontrar o caminho de volta?" .
Uma vez que eu hospede o medo, e não lhe imponha limites, este não mais requisitará minha confiança; me roubará de mim mesmo, e lançará meu eu em um mar de dúvidas, de incertezas.
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O medo é traiçoeiro, multiforme. Disfarça-se facilmente naquelas coisas que mais considero naturais, por serem inerentes ao ser humano, quer seja em meus relacionamentos, quer nos próprios questionamentos os quais diariamente me proponho, com a finalidade de continuar à busca do caminho que me conduza ao meu horizonte.
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Questionar é preciso, é necessário. Uma vida de afirmações disfarçadas em inquestionadas certezas, certamente cairá em ruinas, e qual desastre será!
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O que acontece em mim cada vez que me questiono? Construo novas e mais fortes bases, que sustentam aquilo que há de mais precioso em mim: minha liberdade. Liberdade que não me rouba de mim, mas cada vez mais leva-me ao mais profundo do que sou. Lá, neste profundo, extasiado, coloco-me face-a-face àquelas questões as quais mais me perturbam, entrando em diálogo: "por que me condenas? Por qual motivo me roubas de mim?"
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Uma vez questionado, com um verdadeiro desejo pela verdade, o medo se esvai, se desvanece, pois é incisivo e dogmático mas, confrontado, não possui forças para sustentar-se.
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Penso que, caso não me pusesse em confronto com estas questões, seria como um sepulcro caiado: aparentando beleza e vigor externamente, e profundamente corrompido por dentro.
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Assim vou vivendo, sendo cada vez mais livre, mais dono de mim. Sem culpas. Sem medos.