Prognóstico da Contemporaneidade


No livro "O Homem Moderno", Enrique Rojas detalha as características do homem construído sobre as bases das mudanças as quais a modernidade trouxe para o mundo. Um homem plástico, "versátil", o qual pretende ver os projetos de seus desejos realizados prontamente.
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Este desejo age com aquele insight raptando nossa mente, dando-nos a sensação de ter descoberto as Américas.
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Talvez isso se dê pelo fato de a cultua Contemporânea, carregando consigo as "conquistas" da Modernidade, roubar de nós aquele gosto pela caminhada, de preparar o próximo passo nos mínimos detalhes. Ao contrário, essa mesma cultura deseja pular etapas, com a idéia de devermos nos prontificar para qualquer tarefa que se apresente.
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Ao discorrer este texto, recordo-me de fases de minha vida, quando imaginava estar pronto para avançar os níveis nos quais estava imerso. Sempre ouvia a frase "isto é queimar etapa" por parte de meu superior.
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Aquilo me deixava furioso. Repetia a frase supracitada, sozinho, entre quatro paredes, com ar zombeteiro. Afinal, eu já me sentia pronto para fazer o que propunha.
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Estava. No sentido prático, com relação a conhecimento e capacidade de desempenhar uma determinada função ou expressar alguma idéia. Tal como uma máquina em uma central de montagens desempenha precisamente o seu papel, mas sem a mínima noção sobre o que aquilo poderá trazer futuramente.
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Eu até sabia o que as referidas ações poderiam trazer de concreto no presente, nas horas subsequentes aos fatos. Mas não tinha a mínima noção sobre o que poderiam acrecentar-me enquanto pessoa humana.
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Agir é fácil. Pensar e refletir tais ações, é difícil. Sobretudo quando se trata de pensá-la antes de praticá-la. Não digo no sentido de premeditar, preparar, organizar, mas sim no sentido de colocar-se, no presente, diante de uma situação futura imaginária, na qual estariam presentes somente as consequências desta ação. Consequências essas que visem tão somente o bem estar da pessoa enquanto pessoa. Afinal, estamos justamente no ápice de uma era a qual tenciona responder às nossas questões através da materialidade do possuir. E como tudo que chega ao ápice, tende ao declínio, é inevitável o surgimento de uma nova proposta ideológica.
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Em Filosofia, saímos do racionalismo cartesiano e dos transcendentais kantianos para entrarmos em uma tentativa de resposta através da linguagem. Esta linguagem, ao que pretendo, deve levar a consciência humana a um patamar pretendido por Nietzche: aquele que leva o homem a pretender a superioridade, ao "além do humano". Uma superioridade no sentido de não necessitar de coisas externas a si para alcançar a uma completude, mas sim de conhecer a si próprio naquilo que é capaz de expressar.
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Penso que a partir do momento em que alguém conhece a si próprio, sem temer novos caminhos, sem temer desbravar novos horizontes em cada pequeno movimento, saboreando o momento, partindo do que se possui no tempo presente, este mesmo alguém terá descoberto em si mesmo (e não em outras vias, como quer hoje) a razão de sua existência.

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